Custo
Mais barato, mas para poucos pelotenses
Baixa oferta e o alto custo de adaptação dos veículos justificam a pouca demanda
Jerônimo Gonzalez -
Apesar de mais barato que outros combustíveis, como o etanol e a gasolina, o Gás Natural Veicular (GNV) não figura entre as principais opções dos pelotenses. A baixa oferta de onde abastecer - a cidade tem apenas um único posto com esta opção - e o alto custo de adaptação dos veículos para circular com o combustível, justificam a pouca demanda.
E foi justamente isso que fez Jean Mendes, proprietário de uma van escolar, abandonar o uso do produto. Há alguns anos ele fez a inclusão do sistema, com o objetivo de reduzir os custos, mas a distância de deslocamento até o posto o fez mudar de ideia.
Porém, têm aqueles que optaram pelo GNV e ainda hoje comemoram a economia no final do mês. Ronaldo Feijó utiliza o combustível, há três anos no automóvel, para o trabalho diário. Serralheiro, entre uma encomenda e outra, ele consegue uma economia de 50% no valor, se comparado à gasolina.
No último mês, a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) havia anunciado 5% de redução no preço do GNV. Conforme divulgado pelo governo do Estado, o desconto poderia chegar a até 12,5% para a indústria.
Apesar da notícia, em Pelotas não houve alteração do preço para o consumidor. O proprietário da abastecedora, Cristian Borges, justifica a ausência do desconto aos gastos para manter o produto e a sua baixa margem de lucro. “Estamos pensando no que podemos fazer”, diz. Ele recebe em média 180 clientes por dia, o que considera pouco.
Em uma das oficinas da cidade que realiza a colocação do dispositivo com as normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) a busca também é baixa. O mecânico Jonathan Bierhals diz que a maior parte dos clientes é de Santa Catarina, onde o consumo do combustível é mais comum.
Outro fator, apontado por Borges, é o transporte do gás até Pelotas. O produto vem da Bolívia, gerando gastos maiores até a Região Sul do Estado. Em Porto Alegre o GNV pode ser encontrado por R$ 2,69. Já em Criciúma-SC seu valor mínimo é de R$ 1,80.
Barato, para longas distâncias
Mesmo sem o desconto no município e com apenas um local de abastecimento, o GNV ainda está entre as alternativas mais em conta para o consumidor. Ao preço de R$ 3,19 o metro cúbico, ele chega a ser 23,5% mais barato que a gasolina. Conforme o levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, entre 29 de janeiro e 4 de fevereiro, o preço médio cobrado pela gasolina na cidade é de R$ 4,17 e R$ 4,04 no etanol.
Engenheiro mecânico especializado no GNV, Antônio Moraes classifica este tipo de abastecimento como uma proposta a longo prazo, benéfica principalmente a quem utiliza o veículo diariamente ou percorre distâncias maiores. “Na estrada o gás é até 65% mais econômico que a gasolina”, garante. Enquanto com um metro cúbico do GNV o motorista roda 16 quilômetros, com um litro de gasolina consegue fazer em média dez quilômetros.
Instalação
Antes de converter o carro para o GNV é necessário solicitar a alteração de combustível em um Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA). Com o documento em mãos, o veículo pode ser encaminhado à oficina credenciada pelo Inmetro. O gás pode ser instalado apenas em veículos com injeção positiva - estes podem ser movidos a gasolina, etanol ou flex, com carburador ou sistema de injeção eletrônica. Para carros fabricados antes de 2010 o kit custa em média R$ 4,5 mil. Já para automóveis mais novos o valor cai para R$ 4 mil. A instalação do cilindro de gás será feita no porta-malas. Quando o assunto é segurança, o mecânico Jonathan Bierhals diz que não há motivos para preocupações, desde que o veículo seja submetido a inspeções anuais. Por outro lado, ele ressalta que motores antigos podem perder até 15% da sua potência.
Sustentável
Além do preço, o índice de poluição do GNV é 70% menor quando comparado à gasolina. Alguns estados oferecem descontos de 75% no IPVA para o automóvel que instalar os equipamentos necessários para o abastecimento com gás.
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